Base governista e oposição acordam em ganhar mais tempo e tentar convencer quem ainda não decidiu seu voto
A noite desta terça-feira (28/09) foi tensa na Assembleia Legislativa. Em pauta, o Projeto de Lei Complementar 26/21, ou mais popularmente conhecido como Reforma Administrativa Estadual. O governo estadual tem pressa em aprova-lo, mas precisa convencer ao menos 48 deputadas/os a votar a favor da alteração do Regime Jurídico das/os servidoras/es públicas/os. Para o governador João Dória o assunto é pessoal. Prestes a disputar duras prévias pela corrida presidencial de 2022, precisa mostrar aos seus pares de partido, que quando se trata do Serviço Público, ele é mais duro do que o presidente Jair Bolsonaro. E convenhamos, tirar direitos de trabalhadoras/es é a especialidade do PSDB.
Mas, a conta não é tão simples. Embora tenha maioria na Casa, a verdade é que muitos não se sentem muito à vontade de declarar voto favorável a tal projeto. Subir na tribuna e discursar que retirar mais direitos da sofrida base do Serviço Público paulista será benéfico requer coragem e com um ano eleitoral se aproximando, muitos teimem “queimar a imagem”. Na sessão desta terça, nem mesmo o líder do governo, deputado Vinicius Camarinha (PSB), se incumbiu de tal papel, abriu mão de sua fala. O cenário mostra que, provavelmente, vai imperar, de novo, o método do “vota lá que eu te libero verbas para umas emendas a favor da sua região”. Já é de se esperar que alguns “mudem de ideia” na última hora e votem com o governo. Foi assim com a Reforma da Previdência e com o PLC 529.
O único que encarou a missão de defender o nefasto PLC diante de inúmeros discursos contrários da oposição foi Arthur do Val (Patriotas). Mas, esse todos já estão acostumados: adora o palco. Mais conhecido pela carreira de youtuber do que de parlamentar propriamente dito, tanto é que é muito mais lembrado pela alcunha de “Mamãe, falei” do que pelo próprio nome, está muito mais preocupado em falar para seu público cativo das redes sociais do que com a política propriamente dita. Mais uma vez foi responsável por tentar impor um clima de tensão e confusão, tentando tirar do sério as/os deputados de esquerda e as/os representantes da categoria presentes. Veio com a fala recheada de frases prontas e sem senso, alegando que o projeto é bom porque atinge “os maus servidores sindicalistas que não gostam de trabalhar”, e demonstrando, como de costume, que mal sabe do que se trata o projeto. Chegou a afirmar que as/os servidoras/es têm atualmente direito a 36 faltas abonadas no ano. De onde tirou esta informação estapafúrdia? Provavelmente do mundo paralelo das fake news em que vive.
Enfim, após duas longas sessões extraordinárias, com diversos discursos apontando as incongruências do Projeto de Lei Complementar, questões de ordem e tentativas da tentar barrar a votação, a base governista percebendo que não teria quórum suficiente, entrou em acordo com a oposição e decidiu jogar a votação para a próxima terça-feira.
O adiamento é bom para ambos os lados. Ganharam uma semana para tentar convencer os “em cima do muro”. De um lado um governo que sabe articular e convencer na base da barganha, do outro a classe trabalhadora que ou se une e se mobiliza com força ou vai perder mais uma vez.
Conclamamos a todas/os a estarem juntos com a gente nesta luta. Participe dos atos, mande e-mails e mensagens para as/os deputadas/os, participe dos tuitaços. Se a pressão não ocorrer, não vamos derrubar mais este projeto que acaba com direitos duramente conquistados e abre a porteira para privatizações e terceirizações. Esteja atento aos nossos chamados e prontos para a luta!