Nário, que tinha o sonho de ser defensor público, é Oficial de Defensoria, estudante universitário (bolsista) e militante por uma sociedade digna. Seu trabalho é atender pessoas da classe trabalhadora marginalizada/empobrecida que tiveram seus direitos violados nas mais diversas áreas.
Como tantas/os outras/os trabalhadoras/es, Nário, logo no início das manhãs sai da periferia da Zona Leste de São Paulo e retorna só depois de o relógio avisar que um novo dia se inicia. Dorme poucas horas e repete tudo outra vez.
Mora com sua mãe, aquela que se desdobrou com apenas um salário mínimo para sustentar a ela e o filho, batalhando para que mesmo com as dificuldades cotidianas Nário pudesse um dia ter uma vida melhor. Hoje, com seu salário de Oficial de Defensoria Pública (R$ 2.300,00), Nário paga R$ 1.000,00 reais de aluguel, custeia o convênio médico do Estado para três familiares e contribui com as compras e o supermercado. Quando não leva marmita, come fora de casa, o que compromete ainda mais os rendimentos da família.
Seu salário não lhe garante nenhuma espécie de luxo: trabalha para garantir o aluguel da casa onde dorme, a água do banho que toma e a comida que come no horário do almoço.
O seu salário de R$ 2.300,00, que garante a subsistência da sua família, está sendo cortado por aqueles que recebem cerca de 1000% a mais que ele (e que quando fez greve não teve qualquer corte nos seus vencimentos).
Nário, após conhecer a Defensoria Pública como ela é, desistiu de ser defensor público. Agora sua meta é advogar de forma independente pela população que atende hoje.